segunda-feira, dezembro 27, 2010

Grande Susto

Como meu caso não tinha mais jeito, a solução era a cirurgia.
Passei por 2 cirurgias, uma pra desobstruçao do intestino dia 15/07, onde tiraram a valvula íleo-cecal e o uma porção do íleo terminal e a segunda de urgencia, por uma perfuraçao pós-cirúrgica, dia 22/07.
Acordei na UTI e estava ileostomizada. 

Para quem não sabe o que é uma ileostomia:

Numa ileostomia, o orifício (estoma) situa-se ao nível do intestino delgado (ileon), sendo suprimido o intestino grosso na sua totalidade.

Pela ileostomia saem fezes muito líquidas, agressivas para a pele. Estas passariam ao intestino grosso, onde seria absorvida a água e as fezes ficariam mais grossas. Como, não tem o cólon, ou não está funcionante, o próprio intestino delgado vai, com o passar do tempo, assumir em parte essa função.

Assim, as fezes da ileostomia, que inicialmente são muito líquidas passam mais tarde a ser menos líquidas ou mesmo moles. Os gases e os cheiros como resultado do processo digestivo, são reduzidos.

É frequentemente nos casos intratáveis de colite ulcerosa, na doença de Crohn (enterite regional) e no carcinoma de cólon. Pelo fato de ileostomia drenar constantemente conteúdo líquido intestinal, a absorção de gordura e de vitamina B pode se apresentar reduzida. Perdas de sódio e potássio são aumentadas.

Fonte: http://viverbemcomostomia.blogspot.com/2008/03/o-que-uma-ileostomia.html

No meu caso, minha ileostomia era formada por 2 estomas, e por causa da distensão abdominal causadora da 1ª cirurgia meu delgado estava gigantesco.
Eu usava as bolsas do hospital no tamanho maximo, mas perdia bolsa atras de bolsa porque as técnicas não estavam muito preparadas e colocavam mal as bolsas que sempre estouravam ou vazavam, cheguei a usar 6 bolsas em um dia, quando o certo deveria ser uma bolsa durar pelo menos 4 dias, minha pele feriu, coçou bastante, ardeu, mas eu sobrevivi e me adaptei. 
Assim estava após ficar ileostomizada:






                                                                                                                      


quinta-feira, dezembro 23, 2010

Felicidade tem limite?

Quando parece que tudo está muito bom parece que alguma coisa tem que acontecer para te dar um chacoalhão e te fazer "acordar do sonho encantado", como se a realidade não pudesse ser perfeita, na concepção de cada um é claro.
Enfim, o que quero dizer é que minha alegria durava pouco, meu querido Crohn resolveu  mostrar que ainda estava em mim, e assim, eu entrava na minha crise mais violenta desde a descoberta da doença.
Começou com muita dor abdominal, evoluindo para um quadro de vômitos e diarréias intermináveis, além de febre, falta de apetite, perda de peso e outras coisinhas desagradáveis que só quem tem a doença sabe como é.
Iniciei então novamente a tomar corticóide, e em  tentativas frustradas cheguei a tomar 60mg/dia, a maior dose para meu peso.
Várias vezes no momento da dor insuportável tinha que ir ao Pronto Atendimento receber doses de buscopan na veia.
Durante essa crise meu abdomem começou a ficar distendido, e a cada dia que a dor aumentava o tamanho dele também aumentava junto. Como se não bastasse o tamanho que a barriga chegou a ficar (quase como estava minha barriga com 7 meses de gravidez) ela mexia bastante, ficava irregular, como se tivesse realmente algo lá dentro. Qualquer pessoa que via se assustava.
Conheci um médico muito bom (gastro) que estava fazendo uns testes de um medicamento na Santa Casa (era o cimzia - certulizumab) e me convidou depois de vários exames, de estar corticodependente e de me enquadrar no perfil para fazer parte desse teste.
Porém não obtive resultados, e após 6 meses de crise BRAVA, de passar quase 1 semana sim e 1 semana não no hospital e de um abdome parecendo que ia explodir a qualquer momento acabei me submetendo a minha primeira cirurgia por causa do Crohn.


Segundo o meu médico meu caso era refratário  e não respondia mais a tratamento clinico, tinha uma semi-obstrução de fibrose e tive que ressecar a parte estreitada do intestino, acho que foram uns 30cm...o grande problema é que como estava muito fraca e debilitada, uma das minhas médicas disse que era provável que tivesse que usar bolsa de colostomia por um tempo, e isso me deixou bastante chateada...mas é assunto para outro post.

Assim como muitas pessoa,s durante a crise, eu também pensava em desistir, reclamava muito e agia de maneira egoista, mas é que nessas horas só quem É ou ESTEVE doente e cheio de problemas sabe quão dura é a vida.

Sorte a minha que tinha o meu bebê, e sim, ela sempre foi a minha força! Deus realmente sabe a hora certa para tudo, talvez, se não tivesse ela...
Só eu sei o quanto foi sofrido não dar conta de fazer as coisas para ela, vivia passando mal, internando e consequentemente dependendo de ajuda alheia.
3 dias que eu ficasse no hospital, quando voltava via transformações enormes na minha filha já que os primeiros meses são os de maiores evoluções.
Eu só desejava estar saudável para ela.


domingo, agosto 15, 2010

Pós-parto

Como minha filha nasceu de parto normal me recuperei super rápido. Com 3 dias já estava ótima, fazendo tudo normalmente, meu pai por várias vezes me chingava dizendo que eu deveria respeitar o resguardo.
Letícia nasceu em 12/12/08 e em 30/12/08 meu corpo já tinha voltado ao normal, então recomendo pra todo mundo.
Minha filha mamou exclusivamente por somente 40 dias, pois após esse período minha doença "acordou", fato que contarei no próximo post.
Ela sempre foi uma criança tranquila, só chorava quando tinha fome e quando tirava a roupa dela pra tomar banho.
Mamava de 2/2 horas, como um reloginho. E eu amava amamentar, essa foi minha grande decepção maternal, a de não ter podido amamentar minha filha por pelo menos 6 meses.
Era super gostoso ter aquela bonequinha tão ligada a mim, ela fazia carinho em mim enquanto mamava, sentimento inexplicável, é tão sublime imaginar que temos a capacidade de nutrir completamente outro ser.

quinta-feira, julho 22, 2010

O parto

Desde quando me vi grávida desejei o melhor para o meu bebê, e isso incluía o momento do seu nascimento. Depois de muitas leituras descobri um mundo onde me senti a vontade: o do parto natural. 
E eu queria mais que um parto normal hospitalar, queria um parto sem intervenções. Então, durante a gestação, mudei várias vezes de Ginecologista até achar um que fosse a favor dos meus pensamentos. Construí um plano de parto para ter minha menina em uma casa de parto num hospital público humanizado de Belo Horizonte: o Sofia Feldman.
Tive que lutar muito, principalmente contra meu pai que achava um absurdo pagar plano de saúde para mim e eu desperdiçar "esse luxo" tendo filho no SUS.
Deixo aqui o relato do meu parto, para quem interessar:


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RESUMO:
O PARTO foi de cócoras, sem episiotomia, tricotomia ou enema. Aos 40min. do segundo tempo pedi arrego e recebi analgesia peridural quando estava com 9cm de dilatação. Depois descobri que a dor que senti foi tão intensa pela posição da cabeça da Letícia, ela nasceu na posição occipito sacro e tinha 2 circulares de cordão. Não tive laceração nem escoriação.

O RELATO:
Havia marcado o chá de fraldas da Letícia para o dia 07/12/08 (domingo), tínhamos 36 semanas e 2 dias, mas eu estava bem disposta e sabia que agüentaria a farra. O chá foi uma delícia, vários amigos queridos vieram, me diverti até... Porém para que o chá saísse tivemos um trabalhão. Como a casa dos meus pais (onde eu moro) estava em reformas, começamos a faxina na sexta-feira (05/12/08), e a bagunça não acabava... no sábado continuávamos na limpeza, eu fui varrer terreiro e depois fiquei exausta. Domingo, foi o grande dia, estava tudo pronto para o chá, aí fiquei muitas horas em pé cumprimentando e conversando um pouquinho com cada um dos meu amigos.
            Na Segunda-feira, dia 08/12/08, comecei a sentir uma dorzinha semelhante a cólicas menstruais e notei que algumas vezes quando ia ao banheiro saía uma secreção transparente com filetes de sangue, pensei ser o tampão, mas sabia que se fosse o parto ainda poderia demorar bastante, então nem liguei muito para o sinal.
            Na Terça e na quarta (09 e 10/12) o quadro se repetia, minha mãe que já estava meio apavorada me pedia que ligasse para meu GO – Dr.Lucas Barbosa -. E eu falava que estava tudo normal, que deviam ser falsas contrações porque eram bem fraquinhas, mas resolvi ceder, não porque estivesse preocupada com meus sintomas, mas queria saber se minha filha estava bem. Porém não consegui falar com o Dr.Lucas, pensei: amanhã eu tento de novo.
            Acordei na quinta feira (11/12) com a mesma dorzinha semelhante à de cólica menstrual, super suportável e com os filetes de sangue saindo às vezes. Como prometido tentei falar novamente com o Dr.Lucas, só por desencargo de consciência, porém não obtive sucesso no celular dele, e ao ligar no consultório me disseram que ele havia viajado. Fiquei um pouco apreensiva, o Dr.Lucas é um profissional incrível que em todas as minhas consultas (que não foram muitas, afinal ele foi o 4º GO que passei durante a gestação) me passava muita segurança, sempre me incentivou a ter um parto normal e sempre me demonstrou que eu era capaz disso, então queria que ele estivesse comigo nesse momento, seria importante ter alguém que acreditasse no meu poder.
Resolvi ligar para a Danúbia (enfermeira obstétrica que foi professora de uma amiga minha que estuda enfermagem, era uma pessoa de quem eu só tinha ouvido falar coisas boas e trabalhava no Hospital em que eu pretendia ter minha filha), só que o celular dela só dava desligado.
Precisando de uma opinião liguei para minha amiga Luciana, estudante de enfermagem, e contei todos os meus sintomas, ela me mandou ir na mesma hora pro hospital, fiquei meio sem chão, pois não tinha arrumado nada ainda, será que eu deveria mesmo ir pro hospital? Ela disse que era melhor pecar pelo excesso do que pela falta, pensei na Letícia, liguei pro Leandro, pai da Lê, e falei pra gente ir pro Hospital, ele assustou um pouco, mas nós dois achávamos que iríamos voltar, achávamos que ainda não era o TP. Minha mãe também saiu do serviço e veio para ir com agente, passei 4 peças de roupas da Letícia (que ainda não estavam passadas), arrumei nossa mala (muito mal arrumada) e fomos pro Hospital...
Chegamos lá, no dia 11/12 (quinta) por volta de 13:00, e ficamos aguardando atendimento, a maioria das mulheres que foram atendidas antes de mim (muitas chorando de dor) voltavam pra casa pois ainda não estavam em trabalho de parto...e eu sentindo minhas leves cólicas.
            Quando fui atendida (era mais de 16:00) a enfermeira perguntou o que eu sentia, contei os sintomas e ela disse que o que estava saindo de mim provavelmente era o tampão, pediu pra eu tirar a calcinha que ela faria um toque, quando levantei a perna ela confirmou: é mesmo o tampão, fez o toque e se assustou, disse: nossaaa você já está com 5cm de dilatação, e com essa carinha boa, provavelmente vai conseguir seu parto normal (já tinha dito que queria ter a Letícia na água na Casa de Parto), fiquei super animada com a notícia dela, afinal eu com 5cm não estava morrendo de dor, então seria fácil né?
Para minha desilusão o médico que encaminha as pacientes me disse que eu não preenchia o protocolo da Casa de Parto (estar acima de 37 semanas) e que ele não poderia me mandar pra lá, disse que se por acaso meu TP de parto não evoluísse, no dia seguinte eles poderiam rever meu prontuário e quem sabe me mandar pra Casa de Parto, mas já me avisou que provavelmente isso não ocorreria, pois meu TP já estava na fase ativa. Meu mundo desabou, perdi o chão na hora, comecei a chorar no meio da "avaliação", a enfermeira com meu pedido de internação, e eu sem saber o que fazer, porque eu só tinha ido pra lá pra ter a Letícia na casa de parto, caso contrário eu pensava que a teria num hospital particular que meu convênio cobre, então pedi a ela pra pensar no que eu faria, saí de lá de dentro chorando e contei tudo pra minha mãe, ficamos eu, ela e o Leandro conversando um tempão.
Como o que no fundo eu queria era um parto normal e não luxo resolvi aceitar ficar no Sofia mesmo, que é um hospital do SUS. Preenchemos minha guia de internação e fomos (Leandro e eu) para sala de pré parto.
            Já que eu ia ficar lá mesmo o jeito era fazer com que meu TP fosse o mais tranqüilo possível. Pedi uma bola pra sentar e ficar rebolando, pois sabia que ajudava, e o Leandro sentado atrás de mim massageando minhas costas. Às vezes deitava para que a massagem “fizesse mais efeito”, pois deitada a massagem estava aliviando mais a dor. Outras vezes caminhei, ia até lá fora ver meus familiares e também tomei um banho no chuveiro, foi muito aliviante.
            Aí a enfermeira fez outro toque (acho que o toque era feito de 3 em 3 horas, então devia ser umas 19:00hrs) e eu estava com 6cm de dilatação (sinal que o TP estava mesmo evoluindo)...
Em uma certa hora meu pai me liga e insiste muito para que eu mudasse de hospital, e eu não aceitei. Ele foi pro Sofia, saí lá fora pra conversar com ele, e ele continuou insistindo para eu ir para um Hospital Particular, disse que não pagava convênio atoa, que eu tinha que usar do serviço, que eu tinha que ficar bem acomodada, que minhas visitas deveriam poder ficar comigo, e bla bla bla...eu comecei a chorar falando que não queria fazer uma cesárea, aí ele disse que se tivesse que ser cesárea seria tanto no Sofia quanto no outro hospital, e eu disse que não, que lá eles inventam desculpa, que a taxa de cesárea é 80% enquanto no Sofia é de 15%, e voltei chorando pra sala de pré parto, ele foi atrás de mim e continuou falando na minha cabeça... que eu ia ficar no meio daquele povo todo (nesse dia o hospital estava bem cheio), que eu não tinha conforto, não tinha privacidade, tinha que dividir banheiro, inclusive mandou chamar o obstetra que estava de plantão pra ver se ele autorizava minha transferência numa ambulância... Fiquei super irritada, o obstetra, era um senhor, chegou todo solícito, inclusive disse que os 3 filhos dele nasceram de parto normal no hospital para o qual meu pai queria que eu fosse, mas que foi porque ele quem auxiliou os partos, e disse que não aconselhava a essa altura do campeonato, uma transferência porque meu parto poderia tanto demorar ainda mais 48hrs quanto poderia ocorrer após meia hora, e se no meio do caminho minha bolsa estourasse seria arriscado para a Letícia que ainda era considera prematura e precisaria de cuidados especiais.
Foi aí que meu pai parou de encher um pouco o saco, mas falou que eu não deveria ter ido pra lá, etc. etc. Nessa hora fiquei tão nervosa que as dores ficaram muito fortes, devia ser umas 21:00hrs e meu pai começou a medir o intervalo das contrações que estavam de 2 em 2 minutos.
            Comecei a chorar PORQUE TAVA MTO FORTE e pedi analgesia, meu pai ainda começa a falar: “uai você não queria parto natural?” Comecei a pedir pra ele sair e falei que queria o Leandro comigo de novo, aí ele falou que não ia sair que ia marcar mais umas contrações, e elas já estavam com intervalos de minuto e meio mais ou menos, e eu já chorando de dor comecei a gritar por anestesia. A enfermeira chegou falando que não era assim, que não podia me dar anestesia porque eu estava com 6cm, senão meu TP poderia parar, que era pra eu esperar uma hora que ela faria outro toque, e se a dilatação tivesse evoluído para 7cm aí ela me daria anestesia. Eu falei que não conseguiria esperar 1hora, que queria agora, que tava morrendo de dor, que com certeza eu não estava só com 6cm de dilatação, gritei muito, insisti muito, aí ela aceitou fazer o toque naquele momento pra avaliar, ela fez uma cara de espanto e falou: 9cm de dilatação...
Então me pediu que esperasse o anestesista desocupar, e que depois me chamaria pra ele fazer a minha anestesia, nessa hora as dores estavam tão fortes, que nem me lembro como andei da sala de pré-parto até o local onde tomei a anestesia, só me lembro do momento em que eu já estava sentada na “maca” esperando o anestesista chegar, sei também que tinha muito sangue. É impressionante como o corpo é perfeito, age por si só, agente não precisa fazer nada e seu organismo está lá, vivo, se movimentando para trazer a vida. Meu pai saiu e foi chamar o Leandro que ficou comigo, segurando minha mão, fazendo massagens e ouvindo meus gritos (gente gritei demais, sério!). E o anestesista demorava, e eu gritava e o Leandro ficava nervoso porque ninguém aparecia pra nos atender, e as enfermeiras pediam pra gente esperar, falavam pra eu ficar calma, e eu falando que ia desmaiar de dor. As contrações duravam uns 50 segundos mais ou menos, e o intervalo entre elas era de 1 minuto, ou seja, NÃO DAVA PRA RELAXAR, eu não conseguia mais, estava muito tensa, tudo que eu li, estudei e aprendi nessa hora já não se aplicava mais, acho que a única coisa que conseguia fazer ainda era respirar, as contrações estavam quase emendadas umas nas outras. Sei que nessa fase eu dei muito trabalho.
            Finalmente o anestesista chegou, o Leandro disse que parecia que ele vinha andando em câmera lenta no corredor eheheh, mas sei que era o desespero. Foi um alívio INEXPLICÁVEL quando a anestesia fez efeito. Senti-me muito bem, estava pronta para continuar. E fui para um box de parto. Deitei um pouco para descansar, estava bem disposta, mais animada, as dores não tinham ido embora, mas ficaram amenas e bem suportáveis. Com o tempo a anestesia vai passando, mas aí já tinha dado tempo de descansar...
            A Danúbia foi a enfermeira que assistiu meu parto, nosso anjo, que eu já conhecia de nome e pela internet, sem a ajuda dela eu tenho certeza que não conseguiria, se tivesse no hospital particular com certeza teria pedido cesárea, tava doendo muito! Ela apagou a luz do box de parto, trouxe uma luminária e virou para a parede fazendo uma penumbra no local onde estávamos e me perguntou se eu havia levado um CD de músicas, eu disse que não porque achava que meu parto não seria naquele dia. Ela conversava comigo, falava que eu estava ótima, que eu era forte e ia conseguir, a aluna dela, a Soraia, me massageava. Enfim, me orientaram bastante, me senti acolhida e insisti.
Quando foi 00:20 do dia 12/12 ela fez um toque: 10cm de dilatação era hora de começar a fazer força. A bolsa estourou, o som foi inconfundível e nossa quanto liquido! Bateu um frio enooorme na barriga, afinal agora só dependia de mim, eu tinha que ajudar minha filha a nascer.
Ela sugeriu uma posição: banquinho de cócoras, aceitei, fazia muitaa força a cada contração que vinha e nada, estava doendo muito (mesmo com anestesia eu sentia tudo, acho que o efeito estava passando), comecei a ficar muito cansada e pedi para deitar. Ela deixou, mas avisou que a posição não favoreceria, eu sabia, mas me sentia muito cansada. Então quando as contrações vinham, a Soraia me orientar a ficar de lado, com uma perna levantada, eu fazia a força e NADA. Colocaram uma barra na cama pra eu empurrar com os pés na hora da força e NADA. Resolvi agachar na cama e apoiar os braços na barra ficando de cócoras, quando as contrações vinham, e quando elas passavam eu me deitava novamente para descansar. Fiz muita força, estava super exausta, falei diversas vezes que não agüentava mais, que queria desistir, que não conseguiria, e a Danúbia sempre dizendo que eu tava ótima. De repente falou que já dava pra ver a cabecinha, coloquei a mão e senti, foi maravilhoso, minhas forças se renovaram, pedi pra mudar mais uma vez de posição e voltei para a inicial, no banquinho de cócoras.
Com mais algumas forças a cabecinha da Letícia ficou na metade, não senti o tal “círculo de fogo”, mas uma sensação estranhíssima, me senti "entupida", pensei agora não tem mais volta, na próxima contração a cabeça saiu, como estava de cócoras num banquinho vi tudo: minha filha tava com o olhão aberto olhando pra mim, aquilo era maravilhoso, estava linda, nem me lembro se ela chorava, comecei a chamá-la, deseja-la, falar palavras bonitas para ela, queria tanto pegá-la. A Danúbia me pediu para ter calma, e só fazer força na próxima contração. Fiz dessa maneira e o corpinho saiu, peguei a Letícia na mesma hora. Toda linda, cheirosa, cheia de vernix, beijei-a, ficamos abraçadinhas uns minutinhos e a Danúbia começou a desenrolar o cordão do pescocinho da Letícia, preparou o lugar do corte e o papai cortou o cordão. Em meio a esse momento de êxtase, tomei uma injeção de ocitocina para ajudar na saída da placenta e na prevenção de hemorragias puerperais. A placenta saiu logo em seguida, inteira (nossa como é feia, parece carne de açougue eheeh). É impressionante como não existe mais nenhuma dor! Só alívio, prazer e amor.
A Letícia nasceu as 01:35, com 43cm e 2,360kg bem pequenina, mas muito esperta, apgar 9/10.
E eu havia conseguido o parto normal que tanto queria! Não sozinha, consegui porque encontrei pessoas maravilhosas nas listas de discussão, em especial as mulheres da ONG Bem Nascer, que muito me ensinaram, e que fazem um trabalho precioso de conscientização e troca de experiências que certamente ajudam a muitas mulheres. Consegui porque a Danúbia e a Soraia foram muito carinhosas, pacientes e competentes. Consegui porque já quase no fim do caminho, tive a oportunidade de me consultar algumas vezes com o Dr.Lucas, que é um GO super atencioso, carinhoso e humano, e em todas as minhas consultas me fazia sair do consultório desejando, construindo e sonhando com O MEU PARTO, sempre me passou segurança e me fez acreditar na minha capacidade de parir. Agradeço ainda a Luciana que ficou comigo todo o tempo que pode, e aos amigos e familiares que torceram para que tudo desse certo pra nós.
Sem vocês certamente eu não teria realizado o meu sonho de ser mãe, no sentido estrito da palavra e de ter um parto normal!

segunda-feira, junho 21, 2010

Gravidez tranquila

Passado o susto inicial de uma gravidez não planejada (mas muito bem vinda, diga-se de passagem!), começamos a curtir essa magia que pairava sobre nossa vida.
Afinal, eu e o Leandro, passaríamos a ser pais. E que responsabilidade isso significava.
Agora era hora de rever meus valores, afinal tinha que pensar muito naquilo que era importante passar pra minha filha, aquilo que a faria feliz.
Foi muito gostoso estar grávida, depois de tantos momentos difíceis que passei por causa da doença de crohn finalmente cheguei em uma fase de remissão. A doença estava quietinha e eu me sentia deslumbrante.
Sem dor e mãe! Cada dia mais linda.
Agente é tão paparicada, se sente tão bem, eu particularmente estive a gravidez inteira com a auto-estima lá em cima.

Meu sonho era criar minha filha passando pra ela o que há de melhor do mundo. Ensinando-a a respeitar o outro (independente de quem seja esse outro: homem, animal, planta...).

                                                 Meu neném com 4 meses, vejam as mãozinhas e pézinhos pra cima

                                                                                  Grávida de 5 meses

sexta-feira, junho 18, 2010

A Gravidez da Mamãe com Dç de Crohn

Bom, engravidei, e agora?
Mil coisas começaram a passar pela minha cabeça, dentre elas: como contar para meus pais? Afinal eu não sou casada, moro e sou dependente deles, então esse era um problema que iríamos enfrentar.
Muita gente na minha família é super moralista, então já tinha certeza que iria ouvir coisas super desagradáveis, mesmo que muitas dessas pessoas não paguem minhas contas.
Agora o maior problema era a minha doença, será que ela afetaria meu bebê? E os remédios? E se eu passasse mal? E se tivesse uma daquelas cólicas violentas, perderia o bebê?
Enfim, foram várias dúvidas que se passaram na minha cabeça. Passei por 5 ginecologistas-obstetras até achar O MEU MÉDICO.
A maioria não tinha muito conhecimento sobre minha doença, alguns chegaram a me dizer que eu tinha uma gravidez de risco. A primeira que fui me mandou largar TODA A MINHA MEDICAÇÃO para que minha filha não nascesse com problemas.
Eu, tola (ou não né? acho que mãe é assim mesmo!), larguei tudo sem pensar duas vezes.
Antes eu do que minha filha.

Quando eu descobri a gravidez já estava com + - 8 semanas, de acordo com o valor do exame beta HCG que acusava maior que 1.000 mui/ml, voltei à médica que me mandou parar com a medicação e ela pediu um ultra-som endovaginal (interno) pra saber a idade fetal correta. Quando fui fazer o ultra-som e o médico perguntou qdo havia sido minha ultima menstruação, eu disse que tinha sido em março, e ele perguntou: cadê essa barriga?, seu bebê já está grande, não precisa de ultra-som endovaginal.
Ele lambuzou minha barriga com aquele gelzinho para ultra-som e passou a maquina, na mesma hora apareceu meu bebê, formadinho, mãozinhas e pézinhos que não paravam de mexer, além é claro do coração batendo a mil.
Inclusive o médico arriscou o palpite de que era menina, e eu já estava de 3 meses de gravidez!!!

                            
                                                                         Eu, grávida de 3 meses

quinta-feira, maio 13, 2010

Sem corticóide I

Depois de várias tentativas frustradas de desmame do corticóide, finalmente consegui deixá-lo. Estava louca para acabar com aqueles efeitos que me atormentavam, principalmente emagrecer e acabar com as espinhas.
Em março/08, já estava sem tomar o remédio mas o corticóide ainda não havia levado seus efeitos embora.
Pelo menos eu estava bem, não tinha mais dor e já voltava a ter convívio social com meus amigos.


quinta-feira, maio 06, 2010

O tratamento

Inicialmente comecei a me tratar com mesacol (mezalasina 400mg) mas me sentia mal e ele saía inteiro.
Mudei para o pentasa (mesalazina 500mg), 6 comprimidos ao dia, e assim fui levando. Não me fez muito efeito, continuava a passar mal, até que o "bendito" corticóide entrou na minha vida.
Comecei com meticorten 20mg ao dia, e como melhorei, os sintomas passaram, voltei à faculdade, agora fazendo as provas substitutivas das que havia perdido. Estudei bastante e não perdi o semestre.
Porém estava engordando, inchei dimais, pois o corticóide retém líquidos e ainda fiquei com o rosto cheio de espinhas, era péssimo.
Me odiava por dentro, mas não deixava transparecer pra ninguém, tinha que suportar, e suportei, e venci.
Como o corticóide é um remédio para tratamentos rápidos, normalmente numa agudização da doença, não podemos tomá-lo por muito tempo pois ele causa sérios danos ao nosso organismo.
Comecei a reduzir a dose, e a cada 7 dias baixava 5mg. Me livrei dessa droga que é um mal necessário para os que compartilham comigo dessa doença. Fiquei feliz, agora era esperar que os efeitos do corticóide passassem...




É uma pena contar o que se passou bem sucintamente e com tamanha superficialidade, mas muito tempo se passou e já não me recordo muita coisa.
O importante é isso: guardar na memória os momentos bons, e os ruins agente supera.

terça-feira, maio 04, 2010

Alguém levou meus sintomas a sério

Meu pai marcou uma consulta com a médica que me havia sido recomendada, tinha que fazer um "preparo" para a 1ª consulta, não consegui fazê-lo por completo e fui assim mesmo.
Avisei a médica. Ela me avaliou, conversou bastante comigo, não só dos meus sintomas físicos mas de tudo que acontecia na minha vida, de coisas corriqueiras mesmo e disse que já tinha idéia do que eu tinha mas me pediu que fizesse uma colonoscopia para confirmar.
Fiquei um pouco assustada pois nunca tinha ouvido falar nesse exame, cheguei em casa e fui pesquisar na internet e descobri que era como uma endoscopia só que pelo ânus.
Tinha todo um preparo também para que a câmerazinha pudesse ver nitidamente o intestino. Consegui fazer o preparo direitinho, mas diferentemente da maioria das pessoas, que o fazia com Manitol, o meu foi com picossulfato por ser mais leve.
Fiz o exame, que acusava "Válvula íleo cecal deformada, com processo inflamatório em íleo terminal" e a biopsia feita dizia: "DIAGNÓSTICO:
1. Mucosa colÔnica com erosão e tecido de granulação
2. colite crônica inespecífica"
Segundo a minha nova médica o que eu tinha era Doença de Crohn, uma doença inflamatória intestinal. Pronto, pensei, agora estou fudida. Moça nova, bonita, namorando, na faculdade, cheia de amigos, como ficaria minha vida?
Ela me tranquilizou bastante dizendo que eu não morreria DA doença mas morreria COM a doença, pois ela ainda não tem cura...


Essa sou eu antes do Crohn

sábado, maio 01, 2010

Começando do começo

 Estava no ensino médio e estudava muito para o vestibular, a cobrança era muito grande para que eu fosse bem sucedida, inclusive de mim mesma, comecei a sentir dores no estômago.
Em 2005 fiz uma endoscopia que diagnosticou pangastrite e duodenite, não tomei os remédios indicados pelo Gastroenterologista e as dores passaram sozinhas, mas por um tempo determinado.
Voltei a sentir dores, e em 2006, fiz outra endoscopia que não deu nada significativo e o diagnóstico foi gastrite nervosa. Estranhei, mas aceitei, e o médico me passou outros remédios que resolvi tomar dessa vez.
Já estava na faculdade quando as dores foram piorando, tinha muitas cólicas, de deitar no chão de dor, a dor era tão forte que me fazia vomitar (assim pensava eu). Comecei a tomar nojo de comida, pois era só comer que lá vinha a "bendita" dor, e pouco tempo depois o vômito. Parecia uma sequência ensaiada: comida - dor - vômito.
Como nada mais parava no meu estômago, comecei a emagrecer, e dos meus rotineiros 57kg, parei nos 50kg.
Por uns 4 meses seguidos tinha uma rotina de passar 1, 2 dias no Pronto Atendimento, tomando medicamento intravenoso para aliviar a dor. Pois nenhum remédio via oral conseguia. Ninguém me dizia o que eu tinha, enquanto isso estava perdendo provas na faculdade, faltando às aulas, afastando dos amigos, difícil.
No hospital os diagnósticos eram vários: gases, nervosismo, inclusive que era tudo psicológico, porque segundo um dos médicos foi só meu namorado chegar no hospital eu tinha ficado boa. (Fala sério né?)
Numa das internações além desses sintomas veio também a diarréia, ia várias vezes ao banheiro, além de vomitar e sentir dor.
Resolveram chamar um proctologista, foi me examinar, e eu morri de vergonha, nunca nem tinha ouvido falar dessa especialidade médica. Quando ele me disse o que teria que fazer quase chorei, fiquei super sem graça e ainda com medo de que enquanto ele estivesse me examinando algum acidente acontecesse.
Tudo correu bem na medida do possível, e ele disse que me encaminharia para uma coloproctologista muito boa para investigar melhor o que eu tinha. Me deu remédios, me deu alta e pediu que marcasse uma consulta com ela urgente.
Fiquei preocupada porque ela não atendia meu plano de saúde, e meu pai teria que pagar a consulta que era bem cara, mas resolvemos arriscar.
Foi então que conheci um dos tantos anjos que passaram pela minha vida, o nome dela é Áurea de Cássia.

quarta-feira, abril 28, 2010

O blog

O ano de 2009 foi um ano bem tenso para mim (e algumas pessoas ao meu redor). Foram tantos problemas, mas conseguimos vencer. Minha mãe que sempre esteve ao meu lado sugeria que eu fizesse um blog para compartilhar todo aquele turbilhão com as pessoas que passam/passarão pelas mesmas coisas que eu.
Vocês devem estar se imaginando do que eu estou falando, refiro-me dentre outras coisas à "minha doença".
Tenho doença de crohn há 4 anos, e tive a pior de todas as crises no ano passado.
Finalmente resolvi tirar um tempinho para dar início ao meu blog, junto com a efetivação veio a dúvida do que relatar. Afinal não só de doença é feita minha vida, tenho meus amores, meus amigos, família, estudos, diversão, enfim...
E achei importante usar meu novo espaço para contar não só da minha doença, mas da minha vida como um todo, até para mostrar que alguém como eu pode e deve manter uma vida normal.
Sejam bem-vindos, e compartilhem também sua tempestade, assim ficamos mais fortes.